Provavelmente será um exagero, mas com 204 CV e um chassis hiper-eficaz, o 123d é um verdadeiro desportivo e não lhe ficava nada mal a assinatura M.
O apuro tecnológico da BMW em termos de motores diesel ultrapassou tudo aquilo que era expectável. Depois de desenvolver a tecnologia do duplo turbo para o motor de 3 litros que equipa o Série 5, Série 6 e Série 7, os técnicos da marca transferiram a tecnologia para o bloco de dois litros e ultrapassou pela primeira vez a potência específica de 100 Cv/litro! Há motores a gasolina que nem perto! Contas feitas, são 204 CV extraídos às 4400 rpm, um monstruoso binário de 400 Nm a partir das 2000 rpm e uma potência específica de 102 CV/litro, com o limitador de rotações numas improváveis 5200 rpm…
Olhando assim para as características técnicas, temos ainda de lhe juntar a excelente caixa manual de seis velocidades e o chassis com suspensões independentes nos dois eixos, sendo atrás multibraços. Fica também na retina os 50/50 de distribuição dos pesos pelos dois eixos, a direcção muito directa e o endurecimento de molas e amortecedores.
Interior na mesma
O 123d normalmente não tem o tratamento M, mas desta feita, a esta unidade de cinco portas não faltaram à chamada o volante em pele de grande grossura e excelente pega e os bancos desportivos, além da alavanca da caixa M. A posição de condução é perfeita e a facilidade de a encontrar também. Para os outros, a situação é mais complicada: atrás a largura é escassa, o espaço para arrumar as pernas também não é muito e a acessibilidade não é brilhante devido ao recorte das portas. Mas, que interessa isso? O melhor lugar é o do condutor! Palavra para a grande qualidade de construção do habitáculo, a fraca funcionalidade e versatilidade (espaços para arrumação são escassos e pouco funcionais) e a péssima visibilidade para trás. Ah! e o equipamento não é muito, pelo que como habitualmente, terá de recorrer à lista de opcionais para dar um maior requinte. No caso da unidade ensaiada e por via dos retoques M, são muitos euros gastos aqui e além…
Comportamento extraordinário
Uma das coisas curiosas é que apesar de todo o manancial de potência e sofisticação, o 123d faz parte do programa Efficent Dynamics, o que quer dizer que aproveita a energia libertada na travagem e conta com o sistema “Stop&Start” (que desliga o motor quando imobilizamos o carro e colocamos a caixa em ponto morto). Que pode ser desligado, claro. Por tudo isto, o BMW gasta menos de 8 litros aos 100 km (se puxarmos muito chega aos dois dígitos) e emite menos de 140 gr/km. Isto na teoria e sob as condições muito próprias dos testes de homologação..
Como já referimos, as suspensões são mais duras – o que prejudica o conforto, embora neste caso de forma perfeitamente justificada – o que adicionando ao excelente chassis e à óptima distribuição de pesos, forma um conjunto altamente eficaz. O 123d curva de forma impressionante, inserindo a frente sem dificuldades e mantendo uma linearidade de trajectória raramente quebrada. Se abusarmos, o DTC (controlo de tracção e estabilidade) lá está vigilante, embora entre em acção muito tarde pois é raro em mãos experientes ser necessário, tal, a eficácia. Obviamente que desligar o controlo de estabilidade é uma decisão a ser tomada caso tenha a certeza daquilo que sabe fazer sentado em frente ao volante. È que os 400 Nm de binário são poderosos e um deslize – uma aceleração a mais ou tocar no travão na altura errada – leva a saídas fortes ou piões vistosos. Mas isso só sucede se abusarmos realmente do 123d.
Com uma posição de condução perfeita e um comportamento tão eficaz, é fácil ultrapassar alguns desportivos e dar luta a modelos de outro gabarito. Por isso mesmo é que dissemos que este 123d bem poderia ser um M diesel. Não lhe ficava nada mal… Claro está que para chegar a este desportivo diesel, é necessário alargar – muito – os cordões à bolsa: mais de 40 mil euros sem contar com os opcionais que levam o modelo ensaiado para lá dos 46 mil euros. Muito dinheiro para um Série 1 acanhado. Mesmo que pague cada cêntimo em prazer de condução e economia de combustível.
Características técnicas
Motor – 4 cil. 16V; 1246 c.c.; “common rail” c/duplo turbo; Potência (CV/rpm) – 204/4400; Binário (Nm/rpm) – 400/2000-2250; Transmissão – Dianteira, caixa manual 6 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, McPherson/Independente, multibraços; Travões (fr./tr.) – Discos ventilados; Comp./Larg./Alt. (mm) – 4230/1741/1420; Dist. entre eixos (mm) – 2660; Capacidade da mala (lt) – 330; Peso (kg) – 1410; Velocidade Máxima (km/h) – 238; Acel. 0-100 km/h (s) – 6,9; Consumo médio (l/100 km) – 5,2; Emissões CO2 (gr/km) - 138 (Categoria c); Preço – 40.750 Euros
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