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Dinheiro
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Ó Senhor, por que me fizeste belo, forte e justo
em vez de rico e poderoso?
( Pedro Prado )
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Nem Jesus deixou de fazer comentários sobre. A parábola dos talentos é o que há. Judas por 30 dinheiros vendeu a mãe e entregou Jesus. O dinheiro deveria ser só o pão nosso de cada dia, mas ai de nós! Fraticídio por herança, o desfalque do traidor, o estelionato nato, o tráfico no sangue, a falsificação da verdadeira prostituição, o assalto mortal, o viver da profanação de túmulo, a cova onde se enterram os caçadores do tesouro de tolo. Tudo por dinheiro. O engraçado é que um mané rouba uma caixa de bolacha Maria, um litro de cinzano e meio cacho de banana podre pra dar de comer aos barrigudinhos e puxa uma cana braba, no entanto, inexplicavelmente somem 40 bilhões de dólares num dia no movimento das bolsas e não tem ninguém pra prender. No mundo, podres de rico tentam evitar que pobres de dar dó venham passar a flanela imunda no parabrisa limpo. A classe média só está em alta nos países baixos. No Brasil, ela só serve para servir o governo. Nós, poetas e leitores, obviamente, estamos sem nenhum tostão. E se ninguém o tem, onde ele estará? Existe dinheiro no além? Em marte também?
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Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado
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A Bolsa ou a Vida?
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Todo dinheiro do mundo, em 1929,
cabia na caderneta de poupança do Bill Gates.
Hoje, 68 anos depois, é proibido proibir o capital.
Ninguém está a salvo de um ataque especulativo,
principalmente, quem é mais passivo do que ativo.
A Rússia já está em total petição de miséria,
os EUA, ao contrário, continuam mandando na Terra.
O terremoto de Hong Kong solapa a Bolsa de Tókio.
A Europa, caquética, se finge de morta para não morrer.
Os Tigres Asiáticos são presas fáceis para os fundos de pensão.
George Soros sozinho quebrou a banca da Inglaterra inteira.
O Brasil era de outro planeta mas, desta vez, não.
Pelo menos é o que prevê a História da Inteligência Brasileira.
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Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos
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Trecho do livro Fausto, quando Mefistófeles inventa o papel moeda, cujo lastro era um pseudo tesouro que estaria enterrado no subsolo do império.
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Primeiro-Ministro
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- Eu não podia morrer sem essa !
Vou ler o papel que fez do mal bom à beça:
“O Imperador assina embaixo do valor de 1.000 pratas
garantidas pelo seu incomensurável tesouro enterrado.
Todas as medidas cabíveis já foram totalmente tomadas
pra que cada níquel desencavado
pague esse papel por mim avalizado.”
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Imperador
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- Essa eu não vou engolir ! Falsificaram minha assinatura ?
Já colocaram os velhacos a ferros ?
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Presidente do Banco Central
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- V. Excia. esquece o jamegão que despachou numa gravura ?
Estávamos todos na piscina do Baile do Havaí submersos,
o Primeiro-Ministro, de sunga, vos disse “basta uma penada
pra alegrar os foliões”. Então esse bilhete
se multiplicou industrialmente na Casa da Moeda.
Fizemos séries de 1, 5, 10, 50, 100, 1000 cada
e caiu com tanto gosto no meio do povo inadimplente
que o vosso nome idolatrado nunca esteve tão bem na goela
da patuléia. O alfabeto ganhou mais uma letra
no formato da impressão digital de vosso polegar direito.
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Imperador
- Jura que todo mundo aceita esses impressos sem reserva ?
Dou a régia mão à palmatória em estado de choque monetário.
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Mefistófeles
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Podemos aposentar a algibeira e rechear a carteira.
Melhor que carta de amor, só nota no meio dos peitos.
Perdoai a expressão chula mas as ações do Reino estavam em queda.
As pesquisas apontam o fim do tráfico e do câmbio usurário.
Está todo mundo de barriga cheia e roupa nova.
Perdoai-me novamente, esses detalhes rebaixam sua obra,
mas fiquei apaixonado por esses papeizinhos engenhosos.
Quereis metal ? O cambista está aí pra isso mesmo.
Não há metal ? Tudo bem, daqui a pouco vamos cavá-lo.
Quem quer outra vida ? Riqueza é coisa que nunca estrova.
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Goethe, por Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos.
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cartão de natal american express
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pendurei meu emprego no caribe
fugi com a filha menor do banqueiro
mulher e filhos, fodam-se
a partir de hoje eu vou me dar bem
quero uma amante como aquelas
mexicanas de novela
vou transformar meu iate
numa boate
e o meu camarote numa suíte do sexo
todo mundo pelada
é hoje
comê bem
bebê bem
já encomendei metade das lagostas do planeta
e o troco em caviar do bom
sobre as champanhes, sou o dono da importadora
com nome falso é claro
porque se não o advogado da, a partir deste momento,
ex-mulher, me fode
coleciono cadilacs rolls royces
mercedes bmws
e nem sei dirigir
porque, graças a deus,
sempre tive alguém para fazer isso por mim
o papai aqui viaja a jato pelo céu
levando um natal de felicidades
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Marcos Prado e Edson de Vulcanis
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BRISA, SOMBRA & ÁGUA FRESCA
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1. brisa
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como um salário de fome
para o cabeça de vento
vem o sopro da primavera
e neste vale tudo de lágrimas
soletra o seu nome
para que eu viva de brisa
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2. sombra
amor & cabana
sonho boboca
vida bacana
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3. água fresca
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Andam depositando dinheiro
em minha conta.
Ouço gente me chamando
de meu louro.
Alguém tem extraído
os meus fracassos das mentes.
E depois de me guiar
(e distrair com pensamentos bons)
ainda me dita o seu próprio louvor,
esse santo anjo do senhor.
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Roberto Prado
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Texto 13 do livro 234.
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Ao ver o pacote de bala azedinha na mão da mulher:
- Assim não há dinheiro que chegue.
E um pontapé na traseira do piá de três aninhos.
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Texto 4 do livro Ah, é?
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- Você anda de romance com outro.
- Vou me encontrar com um homem. E daí?
- Cuidado, menina.
- Já não presta na cama. Você não é de nada?
- E quem paga o teu dentinho de ouro?
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Dalton Trevisan
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sou um sujeito sortudo
nasceu dinheiro
no meu pé de pinheiro
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Solda
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fraldões vaidosos
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eu era um simples mortal
agora sou acadêmico
de estilo radical
hoje meio anêmico
minha farda é meu fardão
meu fraldão é minha farda
meu paletó de madeira
quinta-feira bolinho e dinheiro pro taxi
o enterro é grátis
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Antonio Thadeu Wojciechowski, Édson de Vulcanis, Rodrigo Barros e Trindade
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a vingança do povão
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tenho fome
da carne que não comi
pena
dos ossos que roí
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rato assado
você acha bão?
sabe o que é cheirar lingüiça
e ter que lamber sabão?
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Antonio Thadeu Wojciechowski, Edílson del Grossi, Édson de Vulcanis, Márcio Goedert, Marcos Prado e Ubiratan Gonçalves de Oliveira
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bíblia angelical
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um paquiderme serpenteia por aí
rinoceronteando inverdades
por que o helicóptero não tem vida?
por ser uma libélula mecânica
sapiente estava o búfalo bill gates
no topo da cadeia alimentar
alguns bilhões de dólares a mais
salvavam a humanidade, nós e os animais
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Antonio Thadeu Wojciechowski, Edílson del Grossi, Luiz Antonio Ferreira, Magoo, Rodrigo Barros, Walmor Góes
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chapéu sem cabeça
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tenho calos nas mãos de tanto pedir
o dinheiro sempre me esfola
no frio, não tenho nem sonhos
para me cobrir
a fome me come
e ainda pensam que estou fingindo
cheirado de cola
que pra bebida estou pedindo
sou digno de ser mendigo
eu não encaro como profissão
até nem é tão divertido
melhor ter nascido cão
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Antonio Thadeu Wojciechowski, Edílson del Grossi, Édson de Vulcanis, Márcio Goeder e Marcos Prado
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saudades do papai-mamãe
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por falta de pijama
dormi de baby-doll
a polução noturna
me veio ao nascer do sol
entra adentro minha turma
fazendo arruaça na cama
pedi vodka, veio sexo
ainda não sei se gozei
ou tive um ataque epilético
por trinta dinheiros
comprei uma forca nova
quanto vai ser o lucro
dos gigolôs da minha cova?
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Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos
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lavabo pro porco cerebral
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para o porco puro de coração
vale a lavagem da alma
para um porco nojento cachaço capadão
o importante é a lavagem cerebral
o porco político brasileiro
só da valor à lavagem do dinheiro
lavabo pro porco cerebral
vazo minhas tripas e mostro o pau
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Antonio Thadeu Wojciechowski, Sérgio Viralobos e Ubiratan Gonçalves de Oliveira
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