Tuesday, October 6, 2009

Quem quer dinheiro?

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Dinheiro

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Ó Senhor, por que me fizeste belo, forte e justo

em vez de rico e poderoso?

( Pedro Prado )

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Nem Jesus deixou de fazer comentários sobre. A parábola dos talentos é o que há. Judas por 30 dinheiros vendeu a mãe e entregou Jesus. O dinheiro deveria ser só o pão nosso de cada dia, mas ai de nós! Fraticídio por herança, o desfalque do traidor, o estelionato nato, o tráfico no sangue, a falsificação da verdadeira prostituição, o assalto mortal, o viver da profanação de túmulo, a cova onde se enterram os caçadores do tesouro de tolo. Tudo por dinheiro. O engraçado é que um mané rouba uma caixa de bolacha Maria, um litro de cinzano e meio cacho de banana podre pra dar de comer aos barrigudinhos e puxa uma cana braba, no entanto, inexplicavelmente somem 40 bilhões de dólares num dia no movimento das bolsas e não tem ninguém pra prender. No mundo, podres de rico tentam evitar que pobres de dar dó venham passar a flanela imunda no parabrisa limpo. A classe média só está em alta nos países baixos. No Brasil, ela só serve para servir o governo. Nós, poetas e leitores, obviamente, estamos sem nenhum tostão. E se ninguém o tem, onde ele estará? Existe dinheiro no além? Em marte também?

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Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado

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A Bolsa ou a Vida?

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Todo dinheiro do mundo, em 1929,

cabia na caderneta de poupança do Bill Gates.

Hoje, 68 anos depois, é proibido proibir o capital.

Ninguém está a salvo de um ataque especulativo,

principalmente, quem é mais passivo do que ativo.

A Rússia já está em total petição de miséria,

os EUA, ao contrário, continuam mandando na Terra.

O terremoto de Hong Kong solapa a Bolsa de Tókio.

A Europa, caquética, se finge de morta para não morrer.

Os Tigres Asiáticos são presas fáceis para os fundos de pensão.

George Soros sozinho quebrou a banca da Inglaterra inteira.

O Brasil era de outro planeta mas, desta vez, não.

Pelo menos é o que prevê a História da Inteligência Brasileira.

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Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos

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Trecho do livro Fausto, quando Mefistófeles inventa o papel moeda, cujo lastro era um pseudo tesouro que estaria enterrado no subsolo do império.

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Primeiro-Ministro

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- Eu não podia morrer sem essa !

Vou ler o papel que fez do mal bom à beça:

“O Imperador assina embaixo do valor de 1.000 pratas

garantidas pelo seu incomensurável tesouro enterrado.

Todas as medidas cabíveis já foram totalmente tomadas

pra que cada níquel desencavado

pague esse papel por mim avalizado.”

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Imperador

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- Essa eu não vou engolir ! Falsificaram minha assinatura ?

Já colocaram os velhacos a ferros ?

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Presidente do Banco Central

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- V. Excia. esquece o jamegão que despachou numa gravura ?

Estávamos todos na piscina do Baile do Havaí submersos,

o Primeiro-Ministro, de sunga, vos disse “basta uma penada

pra alegrar os foliões”. Então esse bilhete

se multiplicou industrialmente na Casa da Moeda.

Fizemos séries de 1, 5, 10, 50, 100, 1000 cada

e caiu com tanto gosto no meio do povo inadimplente

que o vosso nome idolatrado nunca esteve tão bem na goela

da patuléia. O alfabeto ganhou mais uma letra

no formato da impressão digital de vosso polegar direito.

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Imperador

- Jura que todo mundo aceita esses impressos sem reserva ?

Dou a régia mão à palmatória em estado de choque monetário.

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Mefistófeles

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Podemos aposentar a algibeira e rechear a carteira.

Melhor que carta de amor, só nota no meio dos peitos.

Perdoai a expressão chula mas as ações do Reino estavam em queda.

As pesquisas apontam o fim do tráfico e do câmbio usurário.

Está todo mundo de barriga cheia e roupa nova.

Perdoai-me novamente, esses detalhes rebaixam sua obra,

mas fiquei apaixonado por esses papeizinhos engenhosos.

Quereis metal ? O cambista está aí pra isso mesmo.

Não há metal ? Tudo bem, daqui a pouco vamos cavá-lo.

Quem quer outra vida ? Riqueza é coisa que nunca estrova.

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Goethe, por Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos.

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cartão de natal american express

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pendurei meu emprego no caribe

fugi com a filha menor do banqueiro

mulher e filhos, fodam-se

a partir de hoje eu vou me dar bem

quero uma amante como aquelas

mexicanas de novela

vou transformar meu iate

numa boate

e o meu camarote numa suíte do sexo

todo mundo pelada

é hoje

comê bem

bebê bem

já encomendei metade das lagostas do planeta

e o troco em caviar do bom

sobre as champanhes, sou o dono da importadora

com nome falso é claro

porque se não o advogado da, a partir deste momento,

ex-mulher, me fode

coleciono cadilacs rolls royces

mercedes bmws

e nem sei dirigir

porque, graças a deus,

sempre tive alguém para fazer isso por mim

o papai aqui viaja a jato pelo céu

levando um natal de felicidades

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Marcos Prado e Edson de Vulcanis

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BRISA, SOMBRA & ÁGUA FRESCA

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1. brisa

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como um salário de fome

para o cabeça de vento

vem o sopro da primavera

e neste vale tudo de lágrimas

soletra o seu nome

para que eu viva de brisa

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2. sombra



amor & cabana

sonho boboca

vida bacana

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3. água fresca

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Andam depositando dinheiro

em minha conta.

Ouço gente me chamando

de meu louro.

Alguém tem extraído

os meus fracassos das mentes.

E depois de me guiar

(e distrair com pensamentos bons)

ainda me dita o seu próprio louvor,

esse santo anjo do senhor.

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Roberto Prado

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Texto 13 do livro 234.

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Ao ver o pacote de bala azedinha na mão da mulher:

- Assim não há dinheiro que chegue.

E um pontapé na traseira do piá de três aninhos.

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Texto 4 do livro Ah, é?

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- Você anda de romance com outro.

- Vou me encontrar com um homem. E daí?

- Cuidado, menina.

- Já não presta na cama. Você não é de nada?

- E quem paga o teu dentinho de ouro?

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Dalton Trevisan

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sou um sujeito sortudo

nasceu dinheiro

no meu pé de pinheiro

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Solda

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fraldões vaidosos

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eu era um simples mortal

agora sou acadêmico

de estilo radical

hoje meio anêmico

minha farda é meu fardão

meu fraldão é minha farda

meu paletó de madeira

quinta-feira bolinho e dinheiro pro taxi

o enterro é grátis

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Antonio Thadeu Wojciechowski, Édson de Vulcanis, Rodrigo Barros e Trindade

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a vingança do povão

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tenho fome

da carne que não comi

pena

dos ossos que roí

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rato assado

você acha bão?

sabe o que é cheirar lingüiça

e ter que lamber sabão?

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Antonio Thadeu Wojciechowski, Edílson del Grossi, Édson de Vulcanis, Márcio Goedert, Marcos Prado e Ubiratan Gonçalves de Oliveira

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bíblia angelical

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um paquiderme serpenteia por aí

rinoceronteando inverdades

por que o helicóptero não tem vida?

por ser uma libélula mecânica

sapiente estava o búfalo bill gates

no topo da cadeia alimentar

alguns bilhões de dólares a mais

salvavam a humanidade, nós e os animais

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Antonio Thadeu Wojciechowski, Edílson del Grossi, Luiz Antonio Ferreira, Magoo, Rodrigo Barros, Walmor Góes

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chapéu sem cabeça

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tenho calos nas mãos de tanto pedir

o dinheiro sempre me esfola

no frio, não tenho nem sonhos

para me cobrir

a fome me come

e ainda pensam que estou fingindo

cheirado de cola

que pra bebida estou pedindo

sou digno de ser mendigo

eu não encaro como profissão

até nem é tão divertido

melhor ter nascido cão

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Antonio Thadeu Wojciechowski, Edílson del Grossi, Édson de Vulcanis, Márcio Goeder e Marcos Prado

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saudades do papai-mamãe

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por falta de pijama

dormi de baby-doll

a polução noturna

me veio ao nascer do sol

entra adentro minha turma

fazendo arruaça na cama

pedi vodka, veio sexo

ainda não sei se gozei

ou tive um ataque epilético

por trinta dinheiros

comprei uma forca nova

quanto vai ser o lucro

dos gigolôs da minha cova?

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Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos

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lavabo pro porco cerebral

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para o porco puro de coração

vale a lavagem da alma

para um porco nojento cachaço capadão

o importante é a lavagem cerebral

o porco político brasileiro

só da valor à lavagem do dinheiro

lavabo pro porco cerebral

vazo minhas tripas e mostro o pau

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Antonio Thadeu Wojciechowski, Sérgio Viralobos e Ubiratan Gonçalves de Oliveira

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